GOETHE
J. Wolfgang GOETHE, nasceu em 1749. Por muitos aspectos formalísticos das obras de sua mocidade é um precursor do romantismo e pela filosofia de "Werther" ou do Dr. Fausto um mestre da nova escola, embora pelo seu universalismo e seu amor à ciência muito sobrasse nele do século XVIII e do espírito dos enciclopedistas. Os romances da fase inicial de sua carreira: "Werther" (1774), "Clavigo" (1774) e d"Estrela" (1775) foram os que maior êxito alcançaram no clima romântico, ultrapassando "Werther" a repercussão do próprio "Fausto" que só seria compreendido bem mais tarde, através da tradução de Gerard de Nerval. Conselheiro do Duque de Weimar, Goethe entrega-se, no segundo período de sua vida, a estudos científicos e filosóficos que influem na sua obra no sentido de uma mais profunda universalidade. Literariamente é essa época também de grande atividade. Goethe publica "Ifigenia" (1979) e dá início ao "Tasso" e a "Wilhelm Meister". A primeira versão de "Fausto" aparece em 1808 e no ano seguinte vem à luz "Afinidades Electivas", uma de suas obras mais importantes. Livros de viagens, de crítica, de poesias, a Segunda versão do "Fausto" e uma obra sobre a "Teoria das cores" tornam o seu nome conhecido no mundo inteiro. A literatura sobre Goethe, em português, é abundante, nas poucas obras suas que foram traduzidas para o nosso idioma. Goethe faleceu em 1832.
A CANÇÃO DE MIGNON Conheces a região do laranjal florido? Ardem, na escura fronde, em brasa os pomos de ouro; No céu azul perpassa a brisa num gemido… A murta nem se move e nem palpita o louro… Não a conheces tu? Pois lá… bem longe, além, Quisera ir-me contigo, ó meu querido bem! A casa, sabes tu? em luzes brilha toda, E a sala e o quarto. O teto em colunas descansa. Olham, como a dizer-me, as estátuas em roda: - Que fizeram de ti, ó mísera criança! Não a conheces tu? Pois lá… bem longe, além, Quisera ir-me contigo, ó meu senhor, meu bem! Conheces a montanha ao longe enevoada? A alimária procura entre névoa a estrada… Lá, a caverna escura onde o dragão habita, E a rocha donde a prumo a água se precipita… Não a conheces tu? Pois lá… bem longe, além, Vamos, ó tu, meu pai e meu senhor, meu bem! (Trad. De João Ribeiro) ANELO Só aos lábios o reveles, Pois o vulgo zomba logo: Quero louvar o vivente Que aspira à morte no fogo. Na noite em que te geraram, Na noite que geraste, sentiste, Se calma a luz que alumiava, Um desconforto bem triste. Não sofres ficar nas trevas Onde a sombra se condensa. E te fascina o desejo De comunhão mais intensa. Não te detêm as distâncias, Ó mariposa! E nas tardes, Ávida de luz e chama, Voas para a luz em que ardes. "Morre e transmuda-te:" enquanto Não cumpres esse destino, És sobre a terra sombria Qual sombrio peregrino. Como vem da cana o sumo Que os paladares adoça, Flua assim da minha pena, Flua o amor o quanto possa. (Trad. De Manuel Bandeira)
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