PUSHKIN
Alecsandr Serguéievitch PUSHKIN, poeta lírico e escritor russo, nasceu em 1799. Em 1811 entrou para o liceu de Tsarkoé-Sela. A guerra com Napoleão inspirou-lhe os primeiros versos. Ao sair do liceu entrou para o ministério das relações exteriores, fez parte da sociedade literária "Arzamos", escreveu os poemas "Rousslan" e "Loudmilla" e várias obras que, por causa do seu liberalismo e caráter licencioso, não figuram nas obras publicadas na Rússia. Foi exilado para o serviço de colonização, escrevendo, nesse período, "O prisioneiro do Cáucaso", "A fonte de Baktchiserai", "Onieguine". Em 1824, depois de ter escrito um epigrama contra o seu chefe, o príncipe Voronzov, foi exilado para o seu domínio de Mikhailovskoié. Em 1826 pode voltar, sendo acolhido com benevolência pelo imperador Nicolau. A partir de 1827, começou a escrever obras em prosa. Deixou, ainda: "História de Pontgatchev", o drama histórico "Boris Goudunov", poesias várias e, sob o pseudônimo de Bielkine, algumas novelas, muitas das quais foram traduzidas para o francês por Merimée. Morreu em 1837.O CAVALEIRO POBRE Ninguém soube quem era o Cavaleiro Pobre Que viveu solitário, e morreu sem falar: Era simples e sóbrio, era valente e nobre, E pálido como o luar. Antes de se entregar às fadigas da guerra Dizem que um dia viu qualquer cousa do céu: E achou tudo vazio… e pareceu-lhe a terra Um vasto e inútil mausoléu. Desde então, uma atroz devoradora chama Calcinou-lhe o desejo, e o reduziu a pó. E nunca mais o Pobre olhou uma só dama, - Nem uma só! nem uma só! Conservou, desde então, a viseira abaixada: E, fiel à Visão, e ao seu amor fiel, Trazia uma inscrição de três letras, gravada A fogo e sangue no broquel. Foi aos prélios da Fé. Na Palestina, quando, No ardor do seu guerreiro e piedoso mister, Cada filho da Cruz, se batia, invocando Um nome caro de mulher, Ele, rouco, brandindo o pique no ar, clamava: "Lumen coeli Regina"! e, ao clamor dessa voz, Nas hostes dos incréus como uma tromba entrava, Irresistível e feroz. Mil vezes sem morrer viu a morte de perto. E negou-lhe o destino outra vida melhor: Foi viver no deserto… E era imenso o deserto! Mas o seu Sonho era maior! E um dia, a se estorcer, aos saltos, desgrenhado, Louco, velho, feroz, - naquela solidão Morreu: - mudo, rilhando os dentes, devorando Pelo seu próprio coração. (Trad. de Olavo Bilac)
FOLHETIM | LITERATURA | GRAMÁTICA | CONTATO | HTML